O inverno acabou: a Onze Trinta comenta Game of Thrones
Saiba o que o nosso diretor de fotografia achou da série
Independente das opiniões sobre o último episódio de “Game of Thrones” - no caso, o blog não assistiu ao season finale, pvf não conta!!! - é inegável que a série já pode ser considerada um marco na televisão mundial, inclusive tornando-se referência em direção, cinematografia e direção de arte para a Onze Trinta. Se o programa chegou a este grau de sucesso, foi devido ao árduo trabalho dos profissionais por trás das câmeras, que merecem serem celebrados por seus esforços.
Exibida pelo canal pago HBO de 2011 até o último domingo, 19/05/19, o programa, inspirado na série de livros de fantasia “As Crônicas de Gelo e Fogo” do autor americano George R. R. Martin, e cuja história se estendeu por oito temporadas, representa uma das maiores produções já vistas na telinha. ““É o maior programa de TV de todos os tempos: maior orçamento, muitos atores envolvidos, gravações em muitas partes do mundo e a maior cena de batalha da história”, diz nosso CEO e diretor de fotografia Raul Fernandes.
A cena de batalha mencionada por Raul fez parte do terceiro episódio da 8ª e final temporada, intitulado The Long Night. Momento importante da trama por representar um embate esperado desde o início do programa, o episódio foi dirigido por Miguel Sapochnik, que tornou-se o especialista da série neste tipo de filmagem: Miguel já havia levado o prêmio Emmy de “Melhor Diretor em Série de Drama” por sua direção do nono episódio da 6ª temporada, Battle of The Bastards, que, até então, continha a sequência de combate com maior destaque de GoT. Um confronto militar, a sequência mobilizou, segundo o Internet Movie Database (IMDb), 600 profissionais da produção, 500 extras, 80 cavalos, 25 dublês e quatro equipes de filmagem, sendo filmada ao longo de 25 diárias - o convencional é que séries com duração de uma hora demandem de oito a doze.
Sapochnik foi escolhido para Battle por seu trabalho anterior em GoT, no oitavo episódio da 5ª temporada, Hardhome, que também exibe uma grande cena de batalha. Estas filmagens exigiram 200 extras, 50 dublês e dezesseis diárias em um período de três semanas.
Kit Harington, intérprete de Jon Snow, um dos protagonistas, comentou em entrevista a revista Esquire sobre a chegada de Miguel ao time de diretores: “Senti que [Sapochnik] chegou em um momento em que Thrones precisava muito [dele], pois estávamos começando a ficar confortáveis demais por conta do sucesso conquistado [..] O que Miguel fez foi colocar em cheque a complacência dos atores. Ele fez com que examinássemos nossos personagens. [...] Então, Miguel chegou como uma novidade e também com uma forma de dirigir que revigorou toda a produção”.
Com isso, percebemos como, mesmo em histórias cheias de ação e produções gigantes, o papel do diretor é importantíssimo para não só executar as cenas com esmero técnico, mas também para manter o set criativo e a equipe motivada.
Sobre The Long Night, que custou à equipe de GoT, segundo a revista Entertainment Weekly, 11 semanas de diárias noturnas e corresponde à basicamente todo o episódio de 82 minutos, Raul comenta: “Vi algumas pessoas falando que a batalha de Winterfell foi muito escura. Pra mim, a ideia é justamente essa: uma luta de noite, no meio de uma nevasca, com um monte de coisas acontecendo. Com certeza esse é um recurso para esconder imperfeições no figurino e no cenário, fora as mais de 50 diárias de produção só para essa cena, porém fizeram de uma forma que agregou densidade à narrativa. Me senti dentro da luta graças à captação e a edição muito bem feitas.”
Sapochnik também comentou à EW, antes do fim das gravações da 8ª temporada, como dirigir The Long Night e outro episódio da temporada final, The Bells, o 5º, foi uma tarefa difícil: “[..] Estou filmando há sete meses e meio, algo como 130 diárias, o que é mais do na maioria dos longa-metragens grandes que são feitos. Em termos de quantidade de trabalho, são de seis a sete dias por semana, com diárias de 16 a 18 horas. [..] Ao que mais dediquei tempo foi pensar em como, no episódio 3, fazer com que o público não sinta fadiga da sequência de batalha. Depois de 20 minutos de combate, já era. Então, como você faz para evitar isso? [..] Parece que o único jeito é pegar cada parte da sequência e perguntar-se: “Porque eu gostaria de continuar assistindo?” O que descobri é que quanto menos ação - menos brigaiada - em uma sequência, melhor. E também mudamos de gênero. Colocamos suspense, terror, ação e drama e não ficamos só com morte em cima de morte pois aí todos param de sensibilizar-se e perde o sentido”.
E você, curtiu as cenas de guerra de Game of Thrones?
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