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Olhos Atentos e Ouvidos Mais Ainda: Som e Sensação no Audiovisual

Tubarão, Star Wars, Stranger Things, Arquivo X, Bacurau, Jurassic Park, Em Ritmo de Fuga. Todos esses produtos audiovisuais possuem um fator em comum: suas trilhas sonoras são extremamente marcantes, e fazem toda a diferença para a trama. Nesta semana, o Blog da Onze Trinta traz a relação entre o que ouvimos e o que sentimos no audiovisual.



O cinema nunca foi sem áudio. Por muito tempo foi mudo, ou seja, privado de palavras, mas nunca não-sonoro. É por isso que o cinema passou a ser falado, e não sonoro. E só esse pequeno fato já deixa algo bem claro: o som e o cinema sempre foram mais que amigos, são parceiros inseparáveis. No entanto, existe o cinema que trata a linguagem sonora como um simples acompanhamento, e o cinema para qual o som é um elemento estético inventivo, capaz de adquirir características singulares e menos mecânicas.


Sentimentos e ritmo

Os parâmetros do som afetam nosso humor. É comum, por exemplo, associarmos músicas em contagens mais rápidas e em notas mais agudas a sentimentos como alegria e felicidade, enquanto músicas mais lentas e tocadas em notas mais graves nos despertam a tristeza e a melancolia. As músicas, se permeadas de surpresas, podem também causar tensão e espanto. E isso tudo tem a ver com ritmo e alcance. Um caso interessante é o filme Em Ritmo de Fuga (Edgar Wright, 2017), que é completamente roteirizado e montado de acordo com as trilhas que o protagonista Baby (Ansel Elgort) escuta durante o filme.


Percepção de tempo

Normalmente, nossos sentimentos alteram a forma que percebemos o tempo: quando nos sentimos tristes ou deprimidos, o dia parece passar mais devagar, como se as horas se arrastassem; o mesmo acontece quando estamos entediados. Já o tempo parece passar mais rápido se o humor é estresse: as horas parecem voar. Em um estudo comandado por três pesquisadoras de diferentes universidades francesas (e que pode ser conferido aqui, em inglês), o contrário parece ser a regra geral para o cinema: nas situações de medo, estresse e suspense, o tempo parece ser estendido, e nos momentos de emoções como tristeza o tempo parece passar mais rápido. E isso tem tudo a ver com a forma como a música induz as emoções na tela, mostrando que o som também pode alterar nossa percepção de tempo.


Som, horror e suspense

Mas o gênero que mais faz uso do som para criar o que chamamos de mood, é o terror. Um exemplo clássico é a cena de abertura de Poltergeist (Tobe Hooper, 1982): uma típica família suburbana branca estadunidense descansa ao final de mais um dia, e tudo está tranquilo, até que esse conforto é quebrado por uma série de sons que causam espanto e agonia no espectador e, junto ao que é mostrado na tela, deixa claro o que está por vir. Quantas vezes não fomos surpreendidos por um som que não esperávamos? O som, no horror é além de apenas um pano de fundo: ele faz parte da narrativa, e ajuda a determinar o que o espectador deve sentir e perceber nos momentos-chave da história. E é tão importante que sua ausência também determina a narrativa. Um exemplo é o filme Um Lugar Silencioso (John Krasinski, 2018), comandado pelo silêncio.


Criando expectativas

É também papel do som (principalmente da trilha sonora) criar e quebrar expectativas, assim como indicar momentos de clímax em determinados arcos narrativos. Um dos exemplos mais clássicos é a trilha sonora de Tubarão (Steven Spielberg, 1975): a trilha anuncia a aproximação do personagem que dá nome ao filme, enquanto cria uma expectativa de tensão em quem assiste, deixando claro o que quem assiste deve sentir e, sem perceber, estamos arrepiados e na beira de nossos assentos, esperando aparecer o grande monstro.


Quebrando expectativas

Já a quebra de expectativa é mais complexa e, se mal aplicada, pode ser um fracasso. Quando bem aplicada, contudo, causa espanto e uma surpresa - nem sempre agradável - a quem acompanha a narrativa. É como se aquele doce que estávamos esperando e guardando para o final caísse antes de chegar em nossas bocas. Ou como achar uma nota de real em uma calça jeans guardada: não esperamos, mas acontece. E, para dar um ótimo exemplo, a cena final (olha o spoiler!) de La La Land (Damien Chazelle, 2016) nos leva a pensar que deu tudo certo no fim, que sonhos foram realizados e que o casal ficou junto depois de uma grande jornada romântica. Contudo, ao fim de uma música alegre (e coreografada para parecer assim), vimos que a realidade tomou conta do sonho: os dois não estão juntos, e muito provavelmente não estarão no futuro.


E se for mal aplicado?

Bom, já falamos bastante sobre como o som (principalmente a trilha sonora) pode construir e destruir a expectativa colocada em quem assiste. Mas, e se for mal aplicada? Uma trilha sonora mal aplicada pode acabar com a relação que o espectador cria com a cena. Sim, parece exagero, mas não é. Isso só reforça a importância do som para a narrativa ser construída e percebida com as intenções corretas. Quer um exemplo? Em O Espetacular Homem Aranha 2 (Mark Webb, 2014) a cena de aparição do vilão Electro (e que deveria criar a sensação de estranhamento e tensão) é destruída por sua trilha que, ao buscar a quebra de expectativa, acaba colocando um tom até leve e pueril na imagem.


O som é uma parte inseparável do visual (não é a toa que o nome é audiovisual), e é extremamente importante para compreender a narrativa e a intenção. É determinante nas emoções induzidas, sentidas além do que se vê. É tão importante que altera nossa percepção de tempo. E é por isso que o cinema e a televisão um dia até puderam não ter voz, mas nunca foram silenciosos.


Na Onze Trinta nos preocupamos e cuidamos de todos os detalhes da produção audiovisual: e é por isso que fazemos questão de escolher as trilhas de nossos vídeos com carinho e atenção. Quer saber mais? Acesse nosso site e saiba o que a Onze Trinta pode fazer por você.

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