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Imaginando Cidades e Espaços


Se considerarmos a nossa relação com o cinema e nossa relação com a cidade em que vivemos, podemos perceber uma conexão. Para as cidades e os espaços criados no audiovisual parecerem lugares possíveis, estes precisam também criar a conexão do real com quem assiste. No cinema, somos como transeuntes que fazem parte da cidade mas não a veem como um monumento, e sim parte de nossas vidas.


Era de Ouro de Hollywood

Ao pensarmos sobre os vários artistas e designers que produziram e criaram espaços durante a Era de Ouro do cinema, o destaque fica com Cedric Gibbons, chefe do departamento de arte do estúdio Metro-Goldwyn-Mayer (MGM). Em uma época em que a Grande Depressão abalava a sociedade e trazia medo e insegurança, ir ao cinema se tornou uma forma de esquecer os problemas. Gibbons ficou conhecido principalmente por introduzir o de mais moderno da arquitetura nos filmes, e os espaços arquitetônicos que ele criou nesta época para a MGM serviram como exemplo de um design de cenário progressista durante essa época.

Cedric Gibbons e sua criação, a estatueta do Oscar

Os cenários de Ken Adam

Nascido em 1921 na Berlim de Weimar, filho de uma próspera família judia, Klaus Adam cresceu sob a sombra de Hitler e encontrou no design sua válvula de escape. Ken Adam se tornou um exemplo de uma arquitetura cinematográfica cheia de tecnologia e imaginação, tornando-se o conhecido diretor de arte de filmes como Dr Fantástico (Stanley Kubrick, 1964) e de sete filmes do famoso agente 007. Seus designs se tornaram a fundação visual dos filmes de ação cheios de aparatos e tecnologias inovadoras.

Cenário de Ken Adam para Dr Fantástico

Significados

O audiovisual contemporâneo é muito localizado, no sentido de ter em suas locações a essência que constrói a narrativa, e isso pode ser explorado de diversas formas. Do ponto de vista do espectador, a locação, os cenários e espaço diegético possuem grande significado cultural e político. Esses espaços - sejam intimistas, sejam as silhuetas das grandes cidades - estabelecem o ambiente ficcional e as relações sociais que são atravessadas tanto pelos personagens quanto pelos espectadores.


Cidade e gênero

Tanto nos espaços reais quanto nos espaços imaginados e digitais, a mesma cidade pode ser mostrada por diferentes ângulos, dependendo do gênero do filme. O musical, por exemplo (e aqui podemos citar La La Land (Damien Chazelle, 2017)) tende a mostrar a cidade através de um filtro idealizado, quase nostálgico, enquanto os filmes de ficção científica tendem ao lado das distopias (futuros pessimistas, quase sempre em meio ao caos). No entanto, essa caracterização muitas vezes é desafiada por filmes como Ela (Spike Jonze, 2014), que é um filme de ficção científica em cores pastéis, e tantos outros que, pela capacidade criativa infinita que o cinema possui, subvertem suas cidades conforme a própria vontade, além dos clichês do gênero.

Fotograma do filme La La Land
Fotograma do filme Ela

A cidade e o audiovisual andam juntos, e sua relação é mais profunda do que parece. O espaço é, sempre, parte da narrativa, até mesmo quando ele não está lá; os vazios também constroem o tecido urbano representado na tela. Essa relação é tão intensa que podemos inclusive contar toda uma história apenas usando a cidade, e os produtos audiovisuais vão mostrando a história da própria cidade com o passar dos tempos.


Aqui na Onze Trinta estamos sempre observando, pensando e celebrando a cidade, das mais diferentes maneiras. Já pensou seu produto ou serviço fazendo parte disso? Converse com a gente!

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