A teoria do audiovisual é repleta de pesquisadores, estudiosos e cineastas que criam e buscam formalizar algumas técnicas (que acabam sendo utilizadas por vários outros diretores). Mas, no emaranhado de significados e temas e teorias, algo deve sempre ser levado em consideração: as várias maneiras de composição para o enquadramento.
Condução do olhar
O olhar do espectador pode ser direcionado de maneira a focar apenas em um ponto específico da tela, ou fazer um passeio guiado pela mesma. Essa condução se dá pela relação entre áreas principais e secundárias e, para criar a diferença de dominância entre áreas, o principal recurso utilizado é a iluminação. Esse recurso de luz e sombra, quando combinado a outros recursos, como a regra dos terços, uso da proporção áurea e a trilha sonora, fazem o caminho a ser seguido pelos olhos do espectador.
Equilíbrio e desequilíbrio
Além de um recurso estético, a simetria é um recurso narrativo. Tanto que alguns diretores - o mais conhecido deles sendo Wes Anderson - tem na simetria a condução da diegese, de uma forma tão específica que, se algo não está balanceado, o espectador entende que ali há algo a acontecer. Impor e corrigir simetrias, equilibrar ou desequilibrar as imagens é um recurso muito usado para causar estranhamento e assim chamar a atenção. Essa mesma relação entre equilíbrio e desequilíbrio inclusive pode fazer a conexão entre cenas, sendo o fio condutor da história.
Orientação
Algo que também nos causa estranhamento e nos chama atenção é a alteração na orientação da imagem cinematográfica. Normalmente, o que está na tela segue as regras de orientação do mundo real; mas, a partir do momento em que essa orientação é alterada (seja em qualquer angulação), o espectador intuitivamente percebe como a cena e o momento narrativo são únicos. Além disso, esse recurso também serve para indicar a percepção do personagem, colocando o espectador em seu lugar.
Proporção
Assim como no recurso de orientação do olhar, a proporção determina o que é e o que não é importante, impondo uma hierarquia visual. Este recurso determina, muitas vezes, as posições de fraqueza e de força de personagens. A proporção também pode ser utilizada para criar ilusões visuais, de modo a alterar todo o espaço visual cinematográfico.
A presença de questões estéticas nos enquadramentos pode não indicar, necessariamente, uma característica exclusiva do cinema de autor, no sentido definido pela “política dos autores” de André Bazin e do movimento da Nouvelle Vague, ou de filmes conceitualmente artísticos e experimentais. No entanto, a construção de uma percepção estética da imagem, pensada no momento da realização, pode ser aplicada de diversas formas na linguagem fílmica, sendo adaptada de acordo com a proposta narrativa.
Nós da Onze Trinta estamos sempre estudando para sermos melhores, mais eficientes e mais especialistas no que fazemos.
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