O que é a Jornada do Herói?
A Onze Trinta te ajuda a entender o conceito do monomito, criado por Joseph Campbell
Segundo o dicionário Michaelis, a palavra mito significa:
1 História fantástica de transmissão oral, cujos protagonistas são deuses, semideuses, seres sobrenaturais e heróis que representam simbolicamente fenômenos da natureza, fatos históricos ou aspectos da condição humana; fábula, lenda, mitologia. 2 Interpretação ingênua e simplificada do mundo e de sua origem. 3 Relato que, sob forma alegórica, deixa entrever um fato natural, histórico ou filosófico.
Mas o que isso tem a ver com a tal da Jornada do Herói? A resposta é: tudo! Foi a partir do estudo de mitos de diferentes culturas que Joseph Campbell, autor e estudioso americano, chegou a conclusão de que todas as histórias mitológicas seguem uma mesma estrutura, mesmo sofrendo variações.
Campbell publicou essa teoria, também conhecida como Monomito, em “O herói de mil faces” (The Hero With a Thousand Faces,1949), cuja edição brasileira é da editora Pensamento. No livro, Campbell explica os passos da jornada do herói, seja homem ou mulher, em direção a um novo e divino mundo. De acordo com o autor, a jornada simbolizaria o reencontro do indivíduo com seu próprio inconsciente, sendo tanto física, externa, quanto psicológica, interna:
“O herói mitológico, saindo de sua cabana ou castelo cotidianos, é atraído, levado ou se dirige voluntariamente para o limiar da aventura. Ali, encontra uma presença sombria que guarda a passagem. O herói pode derrotar essa força, assim como pode fazer um acordo com ela, e penetrar com vida no reino das trevas (batalha com o irmão, batalha com o dragão; oferenda, encantamento); pode, da mesma maneira, ser morto pelo oponente e descer morto (desmembramento, crucifixão). Além do limiar, então, o herói inicia uma jornada por um mundo de forças desconhecidas e, não obstante, estranhamente íntimas, algumas das quais o ameaçam fortemente (provas), ao passo que outras lhe oferecem uma ajuda mágica (auxiliares). Quando chega ao nadir da jornada mitológica, o herói passa pela suprema provação e obtém sua recompensa. Seu triunfo pode ser representado pela união sexual com a deusa-mãe (casamento sagrado), pelo reconhecimento por parte do pai-criador (sintonia com o pai), pela sua própria divinização (apoteose) ou, mais uma vez — se as forças se tiverem mantido hostis a ele -—, pelo roubo, por parte do herói, da bênção que ele foi buscar (rapto da noiva, roubo do fogo); intrinsecamente, trata-se de uma expansão da consciência e, por conseguinte, do ser (iluminação, transfiguração, libertação). O trabalho final é o do retorno. Se as forças abençoaram o herói, ele agora retorna sob sua proteção (emissário); se não for esse o caso, ele empreende uma fuga e é perseguido (fuga de transformação, fuga de obstáculos). No limiar de retorno, as forças transcendentais devem ficar para trás; o herói reemerge do reino do terror (retorno, ressurreição). A bênção que ele traz consigo restaura o mundo (elixir).” (CAMPBELL, 1949, capítulo IV, parte I)
No trecho, vemos que o herói sai do “mundo comum” - a realidade conhecida, com sua consciência ainda limitada - e passa por passos específicos em sua jornada, como “o chamado à aventura”, “encontro com o mentor”, ser testado, sofrer provação, etc. A obra logo foi assimilada por Hollywood, e o esquema do monomito está presente em filmes desde a franquia “Star Wars” até “Matrix” e “O Rei Leão”. Ou seja: pelo impacto da produção, podemos perceber que Campbell deve ter acertado, mesmo...
Nancy Duarte, escritora americana especializada na arte das apresentações, aplica a ideia do monomito a palestras. Segundo ela, em uma apresentação, a platéia é o herói e o palestrante, o mentor que os guia. Ou seja: é possível adaptar o modelo de história criado por Joseph Campbell a todo tipo de narrativa e esse é um dos recursos que usamos na hora de desenvolvermos os roteiros para nossos projetos.
Quer saber se a sua história também se enquadra no monomito? Entre em contato com a Onze Trinta e descubra.